A primeira vez, a gente nunca esquece! Até hoje eu lembro com detalhes da minha, foi emocionante, perigosa, e me sentia com medo de mostrar nos pequenos detalhes que eu era imensamente desconhecedor dos mistérios do beijo, do amor, do sexo.
Um dia, eu passei em frente do prédio do Canal 4, lá estava o mesmo cara que eu sempre via ao voltar da escola, ele me olhou, me chamou e perguntou meu nome. Ele se chamava Henrique, era do Rio de Janeiro, estava ali a trabalho. Eu perguntei quanto tempo ele ficaria, ele disse que tinha vindo pra morar. Na ironia, eu respondi: que bom! Ele, claro, perguntou: Bom por quê? Por nada, respondi meio sem jeito. Em seguida, ele me pediu um favor, eu disse que dependia, ele, então, pediu para eu comprar uma carteira de cigarros. Comprei os cigarros, entreguei a ele, recebi como agradecimento os trocados que sobraram do cigarro e o seu número de telefone. Ele perguntou se eu ligaria pra ele, eu disse que sim. Saí apaixonado daquele encontro, foi a primeira vez que um cara tinha se interessado por mim. Henrique tinha 32 anos e eu, 13, apesar disso eu sabia muito bem o que fiz e o que eu queria.
Morri de ansiedade nos dias seguintes à espera do final de semana, eu estava louco por aquele encontro, mas ao mesmo tempo, eu tinha medo porque eu era virgem e nunca tinha beijado ninguém. O fim de semana chegou e eu não pensei duas vezes, liguei para ele, e perguntei se ele queria me ver naquela noite. Era um domingo, como eu ia à Igreja aos domingos, eu uni o útil ao agradável. Bem, chegou a noite e fui encontrar Henrique, ele chegou numa motocicleta, estava lindo e perfumado e disse: monta! Eu perguntei: para onde vamos? Ele respondeu: para um lugar que você vai gostar muito! Fomos para um motel! Logo na entrada, a recepcionista perguntou a minha idade, eu disse que tinha 18 anos, ainda bem que não pediram o meu documento. Eu era alto, magro e tinha as pernas longas, isso me ajudava a dissimular a minha idade. Entramos e fomos direto ao quarto, ele já estava louco e me perguntou: você já beijou algum cara? Eu disse que não! E ele espantado me perguntou o porquê. Eu disse que tinha medo de me apaixonar, então ele me beijou carinhosamente, me colocou na cama começou a tirar minha roupa e aconteceu. A minha primeira vez foi muito interessante, primeiro porque era a primeira experiência, mas também porque eu vi pela primeira vez o que era uma camisinha e não sabia sobre esse tipo de proteção. Ao mesmo tempo ninguém nunca havia me informado sobre os preservativos e tive que aprender tudo sozinho ou através das revistas e livros que eu encontrava, sempre quis estar informado sobre tudo, principalmente sobre as doenças sexualmente transmissíveis.
Voltei para casa antes das 22h, que era a hora que terminava a missa, cheguei em casa, tomei banho e pensei no que eu tinha feito naquela noite, naquele domingo, com o homem que eu tanto queria... Nem consegui dormir com ele no meu pensamento! A noite passou, o dia amanheceu e minha vida continuava, assim como os comentários: o filho de Dalva é gay, viado, paca... Eu não sabia mais quantos nomes davam naquele bairro a uma pessoa por ser homossexual, mas eu nem ligava, às vezes, ficava chateado, porem eu não podia fazer nada, restava agüentar até que o dia que chegasse minha independência e eu ir embora.
Essas e outras história no meu livro!
Kor Alessandro
Quem lembra de sua primeira vez?
ResponderExcluirAchei este texto maravilhoso...
C.C.D